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CAMINHOS E PERSPECTIVAS NA CARREIRA EM MEDICINA INTENSIVA

CAMINHOS E PERSPECTIVAS NA CARREIRA EM MEDICINA INTENSIVA

27/AGO/2021

Carreira Médica

1 - DEFINIÇÕES


A Medicina Intensiva se encontra no grupo de especialidades mais jovens do Brasil. Nasceu em meados dos anos 50 com os conceitos ressuscitação cardiopulmonar e cerebral, e novos avanços nos tratamentos intra-hospitalares. Só foi reconhecida como especialidade médica em 1981 pela Associação Médica Brasileira (AMB) e apenas em 2002 pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) (2).

Segundo a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) o surgimento da Medicina Intensiva no Brasil é devido aos avanços em cirurgia e a necessidade de um suporte de melhor qualidade aos indivíduos em estado crítico (1).

Em março de 2020, um levantamento da AMIB realizado através de dados do DATASUS, IBGE e ANS, concluiu que o país possui 45.848 leitos de terapia intensiva, número que aumentou consideravelmente durante a pandemia de COVID-19. Essa mesma que evidenciou uma preocupante escassez de profissionais especializados em terapia intensiva, já que o número de intensivistas no Brasil é de apenas 6.562, segundo dados do CFM (4).


2 - RESIDÊNCIA E ACESSOS


Atualmente existem dois modelos de formação em Medicina Intensiva, os programas de Residência Médica credenciados pelo MEC e o Programa de Especialização em Medicina Intensiva (PEMI). Após a formação ambos são capacitados ao exercício da Medicina Intensiva, obtendo registro junto ao CRM de forma imediata. Em ambos, a prova de título é necessária para receber a certificação de especialista junto à AMIB (3).

Os PEMI adotam o modelo de acesso direto com duração de 4 anos de formação e são aprovados pela AMIB, sendo que os modelos antigos (com 2 ou 3 anos de duração) passam por fase de extinção (2). 

Ao mesmo tempo, os programas credenciados pelo MEC possuem duração de, pelo menos, 3 anos e passam por um processo de aproximação ao PEMI, em busca de unificar os pré-requisitos e competências do Médico Intensivista em território nacional (2).

Há uma grande discussão entre as comissões de residência médica do país sobre os acessos aos programas em medicina intensiva. Desde 2017, a mudança das entradas com pré-requisitos para acesso direto são um objetivo da AMIB. Porém, apenas em abril de 2021 foi aprovada junto à Comissão Nacional de Residência Médica a matriz de competências em Medicina Intensiva, o que possibilitou as mudanças citadas acima. A residência passa a durar pelo menos 3 anos, com mais 1 ano opcional ou em área de atuação.

 

3 - HABILIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS


Atualmente, a Matriz de Competências do Programa de Residência Médica em Medicina Intensiva define como objetivo do programa Formar e capacitar médicos a prevenir, diagnosticar, monitorar, estabilizar e tratar os agravos de saúde do paciente crítico com instabilidade vital ou com risco de desenvolver instabilidade vital na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e em Unidades de Cuidados Intermediários (UCI) ou Unidades Semi-intensivas, coordenando as ações médicas de equipe interprofissional e multiprofissional dentro e fora de UTIs e UCIs na condução do paciente crítico (2).


Além disso, as competências requeridas ao especializando em medicina intensiva são ditadas também pelo Programa de competências em Medicina Intensiva (PROCOMI). O PROCOMI descreve 100 competências que devem ser atingidas nos 4 anos de especialização (E1,E2,E3 e E4), devendo o especializando desenvolver habilidades de diagnóstico, tratamento e profilaxia das doenças que acometem os pacientes críticos. Os intensivistas também devem desenvolver capacitações para coordenar as ações médicas de uma equipe multidisciplinar dentro e fora da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) para obter resultados eficientes, ter habilidades práticas para procedimentos diagnósticos e terapêuticos essenciais que os pacientes críticos necessitam, garantir segurança assistencial e desenvolver atividades de melhora contínua de qualidade da assistência na UTI, além de cuidar dos pacientes e de seus familiares, discutir, planejar e coordenar ações paliativas e de fim de vida quando necessárias e garantir prática clínica ética e profissional ao paciente crítico, sempre tendo como foco principal o indivíduo enfermo (4).


Dentre as habilidades a serem desenvolvidas em cada ano do programa incluem-se por exemplo: 

Primeiro ano: atendimentos de pacientes pós-operatório, sob efeito anestésico, manejo de vias aéreas difíceis, acesso venoso central, punção lombar, passagem de cateteres gastrointestinais e vesicais, uso de métodos imaginológicos para diagnóstico como FAST e ultrassom.
Segundo ano: dominar processos de RCP e estabilização, controle inicial de trauma e pacientes queimados, priorização de pacientes na admissão, análise de exames tomografia computadorizada, ecocardiografia e exames hemodinâmicas, controle das principais doenças críticas como choque, insuficiência hepática e renal, sepse, síndrome do desconforto respiratório agudo (SARA), intoxicações.
Terceiro ano: prescrição de drogas e terapias específicas em pacientes gravemente enfermos, avaliação e suporte nutricional, diagnóstico de morte encefálica e cuidados com potenciais doadores, cuidados paliativos, coordenação de equipes multidisciplinares, controle de infecções hospitalares, coordenação de reuniões científicas e produção de trabalhos científicos.

 

4 - ROTINA DO INTENSIVISTA


A quantidade de leitos que o especialista tem sob sua responsabilidade varia bastante durante um plantão, mas uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) estipula o número máximo de 10.

Como as demais especialidades médicas de amplo espectro de pacientes e áreas da atuação, a Medicina Intensiva aparenta se adaptar às preferências que o profissional adota para sua carreira. Nos primeiros anos após a residência é possível que ele se volte mais aos plantões e rotinas mais inflexíveis. Todavia, a especialidade oferece numerosas oportunidades para ascensão nas hierarquias hospitalares, e para atuação em gestão, produção científica e docência, o que possibilita melhores adaptações da rotina do intensivista. 

 


5 - REFERÊNCIAS

AMIB protagoniza mudança histórica para Medicina Intensiva. Site oficial da AMIB. Publicado em 11/06/18 às 11h08. https://www.amib.org.br/noticia/nid/amib-protagoniza-mudanca-historica-para-medicina-intensiva/
Associação de Medicina Intensiva Brasileira, Comissão Nacional de Residência Médica. MATRIZ DE COMPETÊNCIAS PRM DE MEDICINA INTENSIVA. Diário Oficial da União. 2021 Apr 29.
Comissão Nacional de Residência Médica. RESOLUÇÃO CNRM Nº 02 /2006, de 17 de maio de 2006. Diário Oficial da União. 2006;(98):23-26.
PROGRAMA DE COMPETÊNCIAS EM MEDICINA INTENSIVA PROCOMI 2019/2020
Medicina Intensiva: residência, áreas de atuação, rotina e mais! [Internet].; 2020. Sanar Residência Médica; [cited 2021 Jul 22]; Available from: https://www.sanarmed.com/medicina-intensiva-residencia-areas-de-atuacao-rotina-e-mais#A_residencia_medica_em_medicina_intensiva