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04/AGO/2021
A técnica de laparoscopia foi realizada pela primeira vez em 1910, pelo sueco Jacobeus, que documentou e descreveu os achados clínicos de seus pacientes. Ao longo do século novas contribuições de diversos médicos da Europa transformaram a cirurgia laparoscópica, a tornando mais segura e eficaz, além de permitir, de fato, a realização da laparoscopia intervencionista e não apenas a diagnóstica. Nesse contexto, finalmente em 1980 devido a criação de miniaturas da câmera de vídeo pelos japoneses, houve a conversão da laparoscopia para videolaparoscopia. Essa nova invenção modificou algumas especialidades, como as cirurgias gastrointestinais e ginecológicas, e posteriormente, com o início mais tardio, a urologia.
A história da laparoscopia como aliada a urologia teve início em 1976, com a realização propedêutica em um paciente de 18 anos com criptorquidia bilateral, sendo confirmada após o exame a presença de dois testículos intra-abdominais. Mais tarde, em 1990, nos Estados Unidos, houve a introdução concreta da técnica, com a execução, por Clayman et al, de uma nefrectomia totalmente laparoscópica, que superou três grandes desafios da técnica: tratamento do pedículo renal, ensacamento do rim dentro da cavidade abdominal e morcelação da peça. No Brasil, a colaboração da laparoscopia na urologia teve início em 1985, com a realização da técnica como propedêutica nos pacientes portadores de criptorquidia.
A cirurgia urológica minimamente invasiva o acesso aos órgãos internos se dá por meio da realização de pequenas incisões e é representada pela videolaparoscopia e, mais recentemente, pela cirurgia robótica. Na laparoscopia os equipamentos básicos são classificados em materiais do sistema de insuflação, sistemas óticos, trocartes e instrumentos cirúrgicos auxiliares. Já na cirurgia robótica, considerada um refinamento da cirurgia laparoscópica, o médico opera o robô a partir de um console à distância do paciente, que reproduz os movimentos do cirurgião.
Os princípios da cirurgia minimamente invasiva são mínima invasão na integridade corporal, traumatismo tissular e alterações da homeostase fisiológica, o que garante algumas vantagens em relação à laparotomia tradicional. No entanto, existem desvantagens da técnica, como o alto custo do procedimento e tempo operatório extenso em certos procedimentos. Dentre as vantagens podemos citar:
Menos dor pós operatória;
Permanência hospitalar mais curta;
Retorno rápido às atividades cotidianas;
Melhor resultado estético, com cicatrizes operatórias pouco visíveis;
Menor índice de infecções;
Redução da morbidade e mortalidade;
A cirurgia urológica minimamente invasiva é utilizada em diversos procedimentos, tendo destaque as relacionadas com cálculos renais, bexiga e próstata. Dessa forma, há a prostatectomia radical que possui o seu primeiro registro em 1868 com testes em cadáveres, sendo somente 1 ano depois realizada por Billroth a primeira prostatectomia radical por abordagem perineal. Em 1992 foi introduzida a prostatectomia radical vídeo cirúrgica transperitoneal, porém somente no final da década de 90 a técnica se tornou segura e eficaz ao comparar à cirurgia aberta. Esse procedimento consiste na retirada total da próstata e está indicada em pacientes com neoplasia confinada à próstata, com risco baixo ou intermediário, sem evidência de metástase e expectativa de vida maior que dez anos. Por fim, existem outros casos em que é indicado a realização da cirurgia, porém são específicos e variam de acordo com o paciente.
A cirurgia para resolução de doença litiásica ureteral emprega técnicas como: ureteroscopia e litotripsia por onda de choque extracorpórea, e possibilita o tratamento da maioria das litíases ureterais com procedimentos minimamente invasivos. Porém, casos complexos em que esteja sendo considerado a cirurgia aberta, a cirurgia laparoscópica robótica pode ser realizada. Ademais, o procedimento laparoscópico agregado à tecnologia robótica tem vantagens em casos em que se realiza a pielolitotomia laparoscópica, por ter menor perda sanguínea. No entanto, suas desvantagens estão relacionadas ao custo, qualificação, treinamento apropriado e fatores que se atenuam com o avanço e acessibilidade de tecnologias cirúrgicas.
Autoria: Comissão Ensino Médico: Gabriella Freitas P. Bartolomeu, Luana Paula de Faria Ribeiro, Enzo Brito Teixeira, Gustavo Oliveira Silva
Referências:
Departamento de Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica. Cirurgia minimamente invasiva e Robótica. Sociedade Brasileira de Urologia. Disponível em: https://sbu-sp.org.br/publico/cirurgia-videolaparoscopica/. Acesso em: 20 jul. 2021.
RODRIGUES, Tiago Moura; CASTILHO, Lísias Nogueira. Laparoscopia Urológica. In: NARDOZZA JÚNIOR, Archimedes; ZERATI FILHO, Miguel; REIS, Rodolfo Borges dos. Urologia Fundamental. São Paulo: Planmark, 2010. p. 401-408.
RAMACCIOTTI, Eduardo; GOMES, Marise. Colégio Brasileiro de Cirurgiões: programa de auto-avaliação em cirurgia. 3. ed. São Paulo: Diagraphic Editora, 2004. 22 p.
PEDRO, Renato N.; BUCHHOLZ, Noor. Laparoscopic and robotic surgery for stone disease. Urolithiasis, v. 46, n. 1, p. 125-127, 2018.
ROMERO, Antonio Wilson; ROMERO, Frederico Ramalho; ROMERO, Maria Direma Ramalho. Romero - Atlas de Videolaparoscopia e Robótica em Urologia. São Paulo: Segmento Farma, 2011.
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