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Construção de Hábitos: Pequenas cotas de grandes projetos!

Construção de Hábitos:  Pequenas cotas de grandes projetos!

07/ABR/2021

Carreira Médica

Um novo capítulo se inicia na vida da maioria dos acadêmicos de medicina. São novas oportunidades, de páginas em branco, prontas para serem preenchidas da melhor forma possível. São criadas expectativas. Formulados e planejados inúmeros projetos. São feitas juras de mais comprometimento, de engajamento e de organização com os estudos. Esse é o cenário de grande parte dos universitários que iniciam um novo período letivo. No entanto, infelizmente, nem todos conseguem manter suas promessas de construção de novos hábitos. Assim, tendo em vista esse panorama, fica o questionamento: por que é tão difícil sair da zona de conforto e ter mais disciplina com a vida acadêmica?  

 

Primeiramente, é importante ter em mente o conceito de hábito, o qual é definido com um comportamento que se repete regularmente e costuma ocorrer naturalmente, ou seja, é uma ação que permeia o subconsciente para acontecer. Sendo assim, os hábitos podem ser encarados como maneiras de simplificar a rotina e facilitar a execução de tarefas, por outro, não passam da automatização de ações corriqueiras. Ou seja, hábitos são as decisões que, na verdade, não se tomam. Como bem afirma Charles Duhigg, em seu best-seller “O poder do Hábito”, os hábitos surgem porque o cérebro procura, o tempo todo, por maneiras de poupar esforço. 

 

Desta forma, é essencial compreender o que aconteceu com o cérebro durante os anos na história da humanidade. Na evolução humana, o principal órgão do sistema nervoso não teve “conhecimento” acerca dos avanços proporcionados pelas revoluções alimentar e tecnológica que mudaram por completo o dia a dia nos últimos 500 anos. Para o homem que habitava a terra no passado, era necessário comer toda a quantidade de açúcar e gordura que encontravam em um dia de caça, pois era uma questão de sobrevivência, uma vez que era incerto quando e onde iriam encontrar outra fonte calórica. Porém, atualmente, basta ir ao supermercado, pegar o produto na prateleira, e... comer, simples assim! O cérebro procura automatizar as atividades, de modo a gastar menos energia, e neste quesito continuar com um velho hábito é o mais óbvio no quesito poupar energia. O órgão, portanto, funciona num sistema automático, o qual sempre será favorável à  economia de energia, controlando, assim, os mecanismos de resposta ao ponto que transforma as tarefas mais comuns, repetitivas, do cotidiano em hábitos, automatizando o processo, sempre procurando maneiras de poupar energia, por isso hábitos são tão difíceis de mudar. Entre gastar energia e desperdiçá-la, o cérebro escolhe a opção mais econômica. Contudo, o problema é que essa constante tentativa pode gerar comodismo, dependência, medo da opinião alheia e falta de confiança, suprimindo aquele motivador desejo de experimentar novas possibilidades ou os rompantes de coragem para superar diferentes desafios.

 

Desse modo, vários são os fatores que influenciam positivamente e negativamente o estudante em sua rotina e na criação de seus hábitos. Diversos estudos apontam que, geralmente, o estudante de medicina não se sente motivado na maior parte do tempo e, além disso, considera a rotina da faculdade estressante, isso influencia de forma negativa na busca e planejamento de seus hábitos. Esse fato se baseia naqueles alunos que tem o sono inadequado - dormem menos que 8 horas por noite - referem necessidade de ingerir bebidas estimulantes quase diariamente para melhorar o rendimento acadêmico, mas a maioria dos estudantes não alcançam esse objetivo mesmo com a ingestão de energéticos ou café, pois o sono inadequado diminui o rendimento de mais de 90% dos alunos. Eles também apresentam dificuldade em focar nos assuntos mais importantes de cada matéria e o processo se torna superficial (cerca de 75% dos alunos fixa a matéria estudada apenas momentaneamente), ou seja, as razões que causam desmotivação, estresse, mau gerenciamento do tempo e desespero formam um ciclo vicioso, no qual o aluno permanece sempre limitado, com maus hábitos, fazendo com que o sistema seja retroalimentado.

 

Ademais, aqueles alunos que se sentem motivados, praticam atividades físicas, têm uma alimentação balanceada, se mostram como fatores positivos para o estudante - influenciam na homeostase do ser humano, bem como na sua vida acadêmica. O estilo de vida saudável é importante para a adaptação do cérebro ao novo hábito, melhora do rendimento estudantil, beneficiando de diferentes maneiras a expressão de motivação autônoma e de motivação controlada nos alunos, com boas repercussões em suas atitudes, no planejamento de seu tempo e na aprendizagem. Vários estudos corroboram que o cérebro precisa de no mínimo três semanas para “aprender” um novo hábito e iniciar o processo de automatização. Estabelecer metas palpáveis é o primeiro passo para a criação do hábito. Na primeira semana, o sentimento de motivação é predominante, há liberação de endorfinas que faz ter a sensação de sucesso e prazer. A segunda semana é mais estressante, o cérebro está gastando mais energia para colocar este “novo hábito” em prática, o cortisol liberado por esse estresse faz a pessoa facilmente se irritar. Já na terceira semana, já consegue observar alguns benefícios dessa ação e a sensação boa trazida pela endorfina volta, aumentando a motivação para seguir em frente.

 

Dando importância a isso, é crucial salientar que é um processo trabalhoso, mas com uma grande recompensa! O que podeauxiliar neste processo, além de traçar pequenas metas, fazer uma lista de tarefas a cumprir, mensalmente, semanalmente e diariamente, criar correntes de comportamento e também estabelecer um sistema de recompensa para cada meta alcançada.² Existe até métodos de estudos que visam a otimização do estudo, evita distrações, aumenta a produtividade, ainda traz maior motivação e ajuda na criação desses hábitos que é o método Pomodoro, ele propõe uma divisão da jornada em intervalos de 25 minutos. Durante esses bloquinhos de tempo, uma determinada tarefa deve ser realizada ininterruptamente. Ao fim de cada período, é feita uma pausa de 5 minutos e, ao final de cada 4 blocos de 25 minutos, uma pausa de 30 minutos. Organizando o tempo e definindo tarefas, é possível priorizar conteúdos, por exemplo, alcançando seus objetivos propostos em relação aos estudos.

 

Infere-se, portanto, que ter hábitos positivos de estudo contribuem de maneira imensurável para a vida do acadêmico, uma vez que, otimiza o tempo dedicado aos estudos, tornando o processo mais agradável e saudável, promove o autoconhecimento, visto que é possível reconhecer quais métodos de estudo são melhor aplicados a realidade em que está inserido, tornando, assim, a qualidade dos estudos muito maior, consolidando de forma eficiente o processo de aprendizagem.

 

"O primeiro passo não leva para onde você quer ir, mas tira você de onde está." - Autor desconhecido


Autoria: Comissão Ensino Médico: Hiany Bacelete Tavares e Nathália Tavares Mendonça