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Experiências extracurriculares durante a faculdade: por que ir além?

Experiências extracurriculares durante a faculdade: por que ir além?

14/ABR/2021

Carreira Médica

Segundo o escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe, “tudo o que você conseguir fazer ou sonhar que pode, comece a fazer. A ousadia traz em si talento, poder e magia” (1). Apesar dessa frase ter sido escrita no século XVIII, ela é extremamente atual, uma vez que pode ser considerada como sinônimo da proatividade, atribuição extremamente importante, sobretudo, no  meio acadêmico. Para alguns estudantes ser proativo e “pensar fora da caixa” é uma ideologia de vida, no entanto, para uma boa parte dos universitários, essa ideia de extrapolar a formação programada, procurando por atividades extracurriculares não soa como algo que seja natural ou de fácil execução. Tendo em vista esse cenário e as aplicações desses fatores na prática médica, fica o questionamento, por que “ir além” durante a formação médica na graduação?

 

Primeiramente, é importante definir o que é atividade extracurricular, as quais são estabelecidas como práticas, não incluídas no currículo obrigatório, que possibilitam que o acadêmico tenha acesso a diversas experiências. Essas atividades objetivam enriquecer o processo ensino-aprendizagem, privilegiando a complementação da formação profissional e também social, sendo realizadas no âmbito acadêmico-científico-culturais para aprimorar a formação do acadêmico.(2) São exemplos dessas atividades: monitorias, projeto de extensão, projeto de pesquisas (ex.:iniciação científica), ligas acadêmicas, grupos de estudos, cursos, campanhas, estágios, participação de simpósios e congressos, participação de organizações estudantis como atlética e diretório acadêmico, publicação de resumos, artigos, capítulos de livros e intercâmbio.

 

Com isso, no ano de 2001, foram feitas, pelo Ministério da Educação (MEC), reformulações na educação. Com o objetivo de reorientar a formação médica no Brasil, em 2001, o Ministério da Educação (MEC) publicou as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), definindo os princípios, fundamentos, condições e procedimentos da formação médica a serem aplicados em âmbito nacional na organização, desenvolvimento e avaliação dos currículos e projetos pedagógicos dos cursos de graduação em Medicina. Esse documento propõe a adoção de metodologias ativas no processo de ensino-aprendizagem, contribuindo com a autonomia do estudante, e também privilegia novos cenários de aprendizado, como a Atenção Básica em Saúde (ABS) (2).

 

Além disso, são conhecidos,  por  meio  de  alguns  estudos, dentre os motivos mais relevantes para a procura de tais atividades estão: a busca pela prática médica, aperfeiçoamento de técnicas e aquisição de mais conhecimento, construção de um currículo perfeito e pontuações em provas de residência. Além disso, promove: a consolidação de conteúdos, o estudo da medicina sob diferentes perspectivas, a oportunidade de aprofundar em temas de interesse pessoal, o desenvolvimento de habilidades para trabalhar em equipe, o desenvolvimento de habilidades de gestão de pessoas, o contato com a prática médica, o aprimoramento da oratória, o aprimoramento de habilidades comunicativas, o aprimoramento de habilidade de resolução de problemas e a construção de networking e novas redes de amizades.

 

Vale ressaltar que  uma  atividade  extracurricular  é,  essencialmente,  algo  que  o  estudante  escolhe  realizar, e por isso deve ser algo que, teoricamente, irá  tratar com  responsabilidade  e  desenvolverá  satisfação  em realizá-la, muitas vezes se mostrando mais dedicado e proativo a esta do que as atividades de sua grade curricular.(3) 

 

Conclui-se, portanto,  que as atividades extracurriculares, apesar de dependerem de tempo para sua realização, que é geralmente escasso para o estudante de medicina, promovem ao aluno uma formação mais ampla e completa do que o proporcionado apenas pela instituição de ensino, além de ser um fator que contribui para a saúde mental, tendo em vista que o acadêmico irá sentir prazer ao entrar em contato com inúmeras atividade que promovem a liberação de mediadores químicos, tais como atividades físicas e contato com pares que tenham os mesmos interesses. Ademais, as saúdes física e mental também podem ser beneficiadas pelo currículo paralelo, auxiliando no enfrentamento de fatores estressantes da própria graduação de Medicina. Em seu tempo livre, os estudantes podem dedicar-se às atividades não relacionadas diretamente à graduação, como a prática esportiva e o aprendizado de línguas estrangeiras que também impactam diretamente sua vida futura, trazendo plenitude e satisfação pessoal (4). Neste contexto, é interessante que o aluno de medicina tenha contato com atividades extracurriculares, porém, é essencial fazer uma boa gestão do tempo, pois elas deixariam de servir a seu propósito para ser algo desagradável e cansativo. Dessa forma, é de extrema importância fazer uma boa escolha dessas atividades, tendo em vista que sentir prazer na execução das tarefas torna o processo muito mais leve e tranquilo.

 


Se a oportunidade não bater, construa a porta - Milton Berle


Autoria: Comissão Ensino Médico: Hiany Bacelete Tavares e Nathália Tavares Mendonça

 

REFERÊNCIAS

1- KESTLER, I. M. F. Johann Wolfgang von Goethe: arte e natureza, poesia e ciência. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 13 (suplemento), p. 39-54, out./2006. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59702006000500003. Acesso em: 17 mar. 2021.

https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59702006000500003


2-  CRUZ, M. L. S. et al. Perfil das Atividades Complementares dos Graduandos em Medicina pela Universidade Estadual de Feira de Santana, 2009-2017. Revista Brasileira de Educação Médica, Brasília, v. 43, n. 1, p. 265-275, jan./2020. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-55022019000500265. Acesso em: 17 mar. 2021. https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-55022019000500265


3- Chehuen JÁ No, Sirimarco MT, Cândido TC, Ferreira IA, Campos RCF, Martins SC. Currículo paralelo na graduação médica na perspectiva dos estudantes. Rev Med. 2013. Disponível em:  http://rmmg.org/artigo/detalhes/409. Acesso em: 17 de março de 2021.


4- Vieira EM, Barbieri CLA, Vilela DB, et al. O que eles fazem depois da aula? As atividades extracurriculares dos alunos de Ciências Médicas da FMRP-USP. Medicina. 2004. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/480. Acesso em: 17 de março de 2021.