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Intervenções comportamentais para incentivar o uso de equipamento de proteção individual entre trabalhadores da área da saúde

Intervenções comportamentais para incentivar o uso de equipamento de proteção individual entre trabalhadores da área da saúde

24/ABR/2020

Saúde

Ser profissional da área da saúde é sinônimo de estar constantemente em contato com os mais diversos microrganismos no ambiente de trabalho. A partir disso, no ano de 1977, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) sancionou a Lei 6.514/1977, denominada Normas Regulamentadoras (NR), que rege as diretrizes de biossegurança entre profissionais da área da saúde no Brasil (BRASIL, 2018). Desde então, a Legislação Brasileira assegura que esses trabalhadores tenham acesso aos Equipamentos de Segurança Individual (EPIs), os quais são definidos como todo dispositivo ou produto de uso individual utilizado pelo profissional, destinado a prevenir riscos que podem ameaçar a segurança e a saúde no trabalho, garantindo e resguardando, da melhor forma possível, a vida desses profissionais e das pessoas que estão ao seu redor, evitando, com isso, a contaminação e a propagação de inúmeras doenças (SUARTE; et. al 2013) Entretanto, apesar da vigência das leis e da necessidade do uso dos equipamentos de proteção, há uma problemática: nem todas as pessoas que atuam em ambientes hospitalares têm acesso ou usam de forma correta os EPIs.

 

Diante desse cenário, é primordial que seja esclarecida a importância desses equipamentos na execução dos trabalhos para os profissionais da saúde, uma vez que o uso de EPIs, aliado às medidas de proteção coletivas, é essencial na prevenção de acidentes e de contaminação por patologias ocupacionais. Esses instrumentos constituem, portanto, uma barreira física contra agentes infecciosos e uma medida de conteção importante para a disseminação de doenças infecciosas. Sendo que, de acordo com a legislação vigente no Brasil, a biossegurança no trabalho em saúde é assegurada pela Norma Regulamentadora nº 32 (NR 32) (BRASIL, 2019), visto que essa diretriz recomenda a adoção de medidas preventivas para cada situação de risco com o objetivo de promover a segurança dos profissionais nos serviços de saúde, compondo exemplo desses EPIs, os de proteção respiratória (máscaras e filtro), os de proteção visual e facial (óculos e viseiras) e os de proteção de mãos e braços (luvas e mangotes).

 

Desta forma, apesar dos EPIs serem um assunto que tem sido tratado há muito tempo, ainda existem poucos estudos que abordem as falhas durante o uso. A escassez dessas pesquisas conduz a um ponto de vista relativamente simplista, uma vez que bastaria utilizá-los para estar protegido. Assim sendo, é importante enfatizar que o uso desses instrumentos não elimina todos os riscos aos quais os trabalhadores estão expostos, porém reduz a possibilidade de ocorrer acidentes, visto que os meios de exposição dos profissionais de saúde podem incluir o manuseio de perfurocortantes, a exposição da pele e de mucosas ao sangue e/ou às secreções corpóreas contaminadas durante a realização de alguma atividade ou até mesmo o contato direto com aerossóis de pacientes com alguma doença respiratória. Destaca-se, assim, que o contato direto com sangue, secreções e ferimentos provocados por materiais perfurocortantes é considerado extremamente perigoso por ser potencialmente capazes de permitir a veiculação de inúmeros de patógenos diferentes, sendo exemplos os vírus da imunodeficiência humana (HIV), da hepatite B (HBV) e da hepatite C (HCV). Além disso, é relevante ressaltar a exposição aos aerossóis e aos perdigotos em virtude do recente cenário do novo corona vírus (COVID-19), em que os profissionais devem estar muito atentos aos protocolos de cuidado no atendimento aos pacientes. Desse modo, o mais importante é a adesão ao uso dos EPIs por parte dos profissionais de modo a cumprir as medidas de prevenção contra contaminações, bem como buscar a proteção de seus pacientes, de outros profissionais, de si próprio e de seus familiares.

 

Nesse contexto, embora o uso de EPIs seja fundamental, ainda há uma resistência muito grande no uso desses equipamentos pelos profissionais de saúde. Dessa maneira, um dos fatores que levam esses indivíduos a terem essa objeção a esses instrumentos é a autoconfiança advinda da experiência na execução de atividades rotineiras, uma vez que uma parcela desses trabalhadores, por estarem a um longo período de tempo executando determinada função, subestimam os riscos e ignoram alguns protocolos de segurança no trabalho (RIBEIRO; SHIMIZU, 2007).

 

Além disso, a baixa responsabilização dos erros cometidos pela falta do uso dos EPIs também pode ser uma possível razão, uma vez que muitas dessas pessoas não assumem o erro ou são responsabilizadas pela falta do uso dos equipamentos de proteção individual. Vale ressaltar também que são recorrentes a perda de habilidade no manuseio ou o desconforto ao usar EPIs, podendo ser resultado de aprendizagem e orientação inadequadas no processo de educação em saúde e segurança no trabalho (TALHAFERRO; BARBOZA; OLIVEIRA, 2008).

 

Desta forma, é crucial que sejam incentivados o uso de EPIs entre os profissionais de saúde. Portanto, uma estratégia para contornar essa realidade é oferecer aos trabalhadores da saúde cursos de atualização sobre o manejo e a importância dos EPIs nas Unidades Básicas de Saúde, na triagem e no ambiente hospitalar. Além disso, deve ser feita a promoção de discussões sobre o conhecimento da suscetibilidade e da severidade aos riscos de exposição no ambiente laboral destes profissionais, junto à percepção do benefício do uso dos EPIs, com o objetivo de melhorar as condições de trabalho e de valorizar a importância destes equipamentos, contribuindo para seu uso regular e adequado, assim como enfatizar a importância da atuação da equipe de Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) no cumprimento das normas de biossegurança. Ademais, é necessário destacar a importância da atuação de profissionais da área de Segurança do Trabalho para estabelecer um processo de orientação e de conscientização diário, que seja capaz de educar os trabalhadores a adotarem a prevenção como um hábito. Por fim, é preciso que a prevenção e a segurança individuais se tornem prioridades durante a jornada de trabalho, sendo a educação um caminho capaz de proporcionar resultados realmente efetivos no que diz respeito à mudança de comportamento dos profissionais da saúde quanto à sua própria segurança no ambiente de trabalho.

 

Para mais, traz para os profissionais da saúde a responsabilidade de trazer esta mudança para a sociedade, a fim de divulgar e de colocar em prática os protocolos de higiene e de segurança e, desse modo, prevenir doenças infectocontagiosas.


PORTANTO, FAÇA SUA PARTE... CUIDE DE VOCÊ E DAS PESSOAS AO SEU REDOR!


Escrito por: Comissão Ensino Médico

Hiany Bacelete Tavares e Nathália Tavares Mendonça

 

REFERÊNCIAS (citadas no corpo do texto):

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho- SESMT, Quadro II, do Dimensionamento dos SESMT. Normas Regulamentadoras. Brasília, 2018. p.27.7 Disponível em: < https:// enit.trabalho.gov.br/portal/index.php/seguranca-e-saude-no-trabalho/sst-menu/sst- normatizacao/sst-nr-portugues?view=default> Acesso em: 20 de abril 2020.


BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentador n.32.Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde. Normas Regulamentadoras. Brasília, 2019.p.1. Disponível em: < https://enit.trabalho.gov.br/portal/index.php/seguranca- e-saude-no-trabalho/sst-menu/sst-normatizacao/sst-nr-portugues?view=default> Acesso em: 20 de abril 2020.


SUARTE, Hermynnia de Araújo Moreno, et. al. O uso dos equipamentos de proteção individual e a prática da equipe de enfermagem no centro cirúrgico. Revista Científica do ITPAC, Araguaína, v.6, n.2, Pub.3, Abril 2013. Disponível em: < https:// assets.unitpac.com.br/arquivos/Revista/62/3.pdf> Acesso em: 20 de abril 2020.


RIBEIRO, Emílio José Gonçalves; SHIMIZU, Helena Eri. Acidentes de trabalho com trabalhadores de enfermagem. Rev. Bras. Enfermagem, Brasília, v.60, n.5, p.535- 540, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php? pid=S003471672007000500010&script=sci_abstract&tlng=pt> Acesso em: 20 de abril 2020.


TALHAFERRO, Belisa; BARBOZA Denise Beretta; OLIVEIRA, Andrea Ranucci de. Adesão ao uso dos equipamentos de proteção individual pela enfermagem. Rev. Ciênc. Méd., Campinas, v. 17, n.3-6, p157-166, 2008. Disponível em: < https://seer.sis.puc- campinas.edu.br/seer/index.php/cienciasmedicas/article/view/753> Acesso em: 20 de abril 2020.


REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES (consultadas)

CORRÊA, Luciana Barroso Dias; GOMES, Sâmea Cristina Santos; FERREIRA, Thais Furtado; CALDAS, Arlene de Jesus Mendes. Fatores associados ao uso de equipamentos de proteção individual por profissionais de saúde acidentados com material biológico no Estado do Maranhão. Revista Brasileira de Medicina do Trabalho, [s.l.], v. 15, n. 4, p. 340-349, 2017. Zeppelini Editorial e Comunicacao. http://dx.doi.org/10.5327 z1679443520170089.


SEGURANÇA DO TRABALHO. Incentivo ao uso de EPIs: campanhas educativas podem ser um bom caminho. Disponível em: https://segurancadotrabalhonwn.com/incentivo-ao uso-de-epis-campanhas-educativas-podem-ser-um-bom-caminho/. Acesso em: 20 abr. 2020.


CORRÊA, Luciana Barroso Dias; GOMES, Sâmea Cristina Santos; FERREIRA, Thais Furtado; CALDAS, Arlene de Jesus Mendes. Fatores associados ao uso de equipamentos de proteção individual por profissionais de saúde acidentados com