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02/ABR/2022
O câncer de colo do útero é uma lesão maligna causada, na maioria das vezes, por infecção pelo papilomavírus humano (HPV) de alto risco oncogênico. Esse vírus possui uma tipologia muito ampla, e não são todos com o potencial de evoluir para uma neoplasia (a maioria das infecções por esse vírus regride espontaneamente). A transmissão do HPV ocorre, em geral, por meio de relações sexuais desprotegidas com pessoas infectadas. Dessa forma, o principal fator de risco para o desenvolvimento de câncer de colo de útero é a infecção pelo HPV de alto risco oncogênico. Além disso, a alta paridade, tabagismo, imunossupressão e idade precoce de início de atividade sexual são fatores de risco independentes para a progressão do câncer (1,2).
Desde a descoberta desse câncer, a sua mortalidade é elevada devido ao diagnóstico tardio, e desde então, a prevenção tem sido o foco principal para diminuir a incidência e progressão da doença. No Brasil, em 2018, a estimativa de novos casos de câncer de colo foi de quase 17 mil, sendo classificado como a terceira neoplasia maligna mais frequente em mulheres, e foi a quarta causa de morte por câncer em mulheres em 2014 (1, 3).
A prevenção primária dessa doença está relacionada com a vacinação. A vacina quadrivalente foi comercializada a partir de 2006, e prevenir contra a infecção pelos dois tipos de HPV. com maior potencial oncogênico. Dessa forma, estima-se a redução de até 90% dos casos de câncer de colo uterino com a cobertura ampla da vacinação feminina. Atualmente, a vacina quadrivalente é distribuída pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para jovens de 9 a 15 anos (1).
A prevenção secundária tem como objetivo identificar as lesões com possibilidade de malignização. Esse rastreamento é feito a partir de um exame chamado citopatológico, popularmente conhecido como Papanicolau. Esse exame é feito através do exame especular, pelo ginecologista, e o material coletado são células do colo uterino da paciente. Esse exame deve ser feito anualmente (ou a cada 3 anos se o resultado do exame dos últimos dois anos consecutivos for negativo) em todas as mulheres com mais de 25 anos, ou que já tenham iniciado sua vida sexual. Quando o exame citopatológico apresenta alterações sugestivas de infecção por HPV, a coleta pode ser repetida em alguns meses, ou, dependendo da extensão da lesão, é possível realizar uma biópsia (1,4).
Em contrapartida, estudos mostraram que a não realização do exame citopatológico no Brasil está relacionada com a baixa escolaridade, vivência sem um companheiro fixo, uso de contraceptivo oral, ausência de queixas ginecológicas e à vergonha ou ao medo do exame. Dessa forma, torna-se necessário incentivar as mulheres a irem ao ginecologista periodicamente, e esclarecer as dúvidas em relação ao exame, tranquilizar a paciente e elucidar sobre a importância de realizar esse exame (5).
Além do rastreamento primário e secundário, é essencial conscientizar a população sobre as formas de contágio do HPV, os fatores de risco, e a importância da realização do exame citopatológico e do acompanhamento periódico com um ginecologista, independente da presença de queixas. Dessa forma, as prevenções primária (imunização da população feminina através da vacinação) e secundária (rastreamento das lesões pelo exame citopatológico, feito pelo ginecologista) são essenciais para reduzir a incidência do câncer de colo uterino, obter o diagnóstico precocemente, melhorando o prognóstico da doença e reduzindo a mortalidade (1,5).
Autores: Comissão de Ensino Médico da Sociedade de Acadêmicos de Medicina de Minas Gerais (SAMMG): Gabriella Bartolomeu e Luana Ribeiro
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Tratado de ginecologia. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019.
2. BEREK, Jonathan S. (ed.). Tratado de ginecologia. 15. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
3. Thuler LC. Mortalidade por câncer do colo do útero no Brasil. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia 2008 May;30(5):216-8.
4. Nakagawa JT, Schirmer J, Barbieri M. Vírus HPV e câncer de colo de útero. Revista Brasileira de Enfermagem 2010;63:307-11.
5. Zeferino LC. O desafio de reduzir a mortalidade do câncer do colo do útero. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2008 May; 30 (5):213-5,
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