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RESIDÊNCIA NOS EUA E USMLE

RESIDÊNCIA NOS EUA E USMLE

09/JUL/2021

Carreira Médica

Atualmente,  a maioria dos acadêmicos de medicina sabe da crescente importância de buscar uma residência após a graduação, tanto para buscar novos conhecimentos, quanto para se aperfeiçoarem na área em que têm interesse. De acordo com a legislação, a residência médica é uma modalidade de curso de graduação voltada para médicos, com o objetivo de se tornarem especialistas em determinada área, aprofundando seus conhecimentos (1). Muitos acadêmicos, porém, têm interesse em buscar a residência médica em outros países, como: Canadá, Reino Unido, Bélgica, Austrália e nos Estados Unidos, sendo este último um dos mais buscado pelos médicos brasileiros.

 

Nos EUA, diferentemente do Brasil, os bacharéis em medicina não podem exercer a profissão até finalizarem a residência, quando obterão o título de M.D. (Medical Doctor) ou D.O. (Doctor of Osteopathic Medicine), sendo o primeiro direcionado para todas as especialidades, com exceção da Medicina Osteopática Manipulativa e o último sendo direcionado para a especialidade de Medicina Osteopática (2). Muitos estrangeiros buscam esses cursos nos Estados Unidos, tendo em vista o grande reconhecimento das instituições de ensino em todo o mundo, da disponibilidade de tecnologia de ponta que contribui para o aprendizado, da excelente qualificação do ensino, além de poderem atuar como médicos nos EUA e terem sua residência reconhecida também em outros países.

 

Para conseguir uma vaga como residente nos Estados Unidos, após a graduação em medicina, o estudante deve realizar o USMLE (United States Medical Licensing Examination), que significa “Exame de Licenciamento Médico dos Estados Unidos”. Esse exame consiste em três etapas ou passos: Step 1, Step 2 e Step 3. A inscrição no USMLE por pessoas formadas no Brasil ocorre por meio do ECFMG (Educational Commission for Foreign Medical Graduates), que é a “Comissão Educacional para Graduados Médicos Estrangeiros”, que também possibilita a realização do Step 3. Além disso, para cada Step há uma taxa que deverá ser paga pelo estudante para a realização dos exames. Após o cumprimento dos três passos, o estudante é direcionado para o The Match, National Resident Matching Program, etapa em que ele seleciona os hospitais em que deseja realizar a residência e aguarda o resultado.

 

Primeiramente, o estudante deve solicitar e receber um número de identificação USMLE/ECFMG e, em seguida, deve preencher o pedido de certificação ECFMG, cujo objetivo é avaliar se os graduados no curso de Medicina em faculdades internacionais estão aptos a ingressarem em programas de residência e bolsa de estudos nos EUA. Para alcançar esse certificado, o médico também deverá passar por uma série de exames e cumprir requisitos de credencial de educação médica, como enviar ao ECFMG cópias de suas credenciais educacionais.

 

O Step 1, ou primeiro passo, é baseado em uma prova teórica acerca de conhecimentos básicos de ciências na prática médica e possui questões mais voltadas para o ciclo básico do curso. Esse exame consiste em 7 blocos de questões, que englobam matérias como Bioquímica, Biologia Celular, Patologia, Farmacologia, Fisiologia, com 1 hora de duração e cerca de 40 questões cada. Além disso, o estudante ainda tem 45 minutos de intervalo e 15 minutos de tutorial, totalizando 8 horas de prova. As taxas custam por volta de U$895 + U$150.

 

O Step 2 possui duas etapas. A primeira, conhecida como CK (Clinical Knowledge), que é o conhecimento clínico, é baseada em uma prova teórica clínica voltada para técnicas diagnósticas e preventivas e é constituído por oito blocos de conteúdos sobre Obstetrícia, Ginecologia, Psiquiatria, Pediatria, Cirurgia e Clínica Médica. Durante a CK, o estudante realiza uma prova com 8 blocos, com 1 hora de duração cada e uma média de 40 questões por bloco, com 45 minutos de intervalo e 15 minutos de tutorial, assim como no Step 1. A duração total é de 9 horas. A segunda etapa é conhecida como CS (Clinical Skills), que são as habilidades clínicas, é constituída por uma prova prática de habilidades clínicas simuladas, com a participação de pacientes retratados por atores. O teste se assemelha a um teste OSCE, já conhecido pelos estudantes brasileiros. A duração é de 8 horas. O CS foi descontinuado devido à pandemia do COVID-19, porém foi substituído pelo OET (Occupational English Test) que é uma prova de proficiência em inglês. As taxas do Step 2 custam por volta de U$1175 + U$1580.

 

O Step 3 é o último passo do exame e consiste em uma prova teórica que tem como foco as formas de tratamento. Para realizar a etapa final, o estudante deve realizar a aplicação através do FSMB (Federation of State Medical Boards), que é a “Federação dos Conselhos Médicos Estaduais”. A última prova tem duração total de 2 dias. No primeiro dia, o candidato realiza uma prova com 6 blocos, com cerca de 40 questões cada e 1 hora de duração. Além disso, o estudante tem 45 minutos de intervalo e 5 minutos de tutorial, totalizando 6 horas e 50 minutos. No segundo e último dia, também é realizada uma prova com 6 blocos de questões, com cerca de 30 questões e 45 minutos de duração cada. Além disso, também são realizadas 13 simulações de casos com uma média de 15 minutos para resolução cada. A duração total dos testes no segundo dia é de 9 horas. As taxas do Step 3 custam por volta de U$1550.

 

Após a conclusão de todos os três passos, o estudante deve solicitar o certificado final do ECFMG. Para solicitar esse certificado, primeiramente, deve-se verificar se a instituição na qual o médico se formou tem o cadastro no ECFMG e no EMSWP (ECFMG Medical School Web Portal), que é o site de escolas médicas que possuem cadastro no ECFMG. Depois, o estudante deverá preencher o formulário de identificação e a instituição deverá preencher o formulário de verificação de credenciais. Além disso, o estudante deve contemplar os critérios de uma das Pathways (critérios de competências práticas), sendo a primeira a mais utilizada por brasileiros: Pathway 1: comprovação da licença para atuar como médico em outro país. Por último, por meio do NMRP (National Matching Resident Program), o estudante é combinado e direcionado para programas de residência, tendo como base suas pontuações nos exames anteriores, como ocorre no PSU.

 

Apesar da complexidade do processo de residência nos EUA, a experiência internacional representa uma oportunidade única de acesso a  grandes instituições de ensino e hospitais de referência em todo o mundo. Além disso, a formação de uma rede de contatos mais robusta e a vivência de uma nova cultura ocupam um papel central no desenvolvimento das mais diversas habilidades comunicativas e são amplamente valorizadas no mercado de trabalho. Por fim, o contato com tecnologia de ponta e a possibilidade de participação nas pesquisas internacionais são preponderantes para o enriquecimento do currículo médico e contribuem com a formação profissional e humana. 

 

Autoria: Comissão Ensino Médico: Catharina Ribeiro Guimarães e Frederico Moreira Man Fu

 

Referências:

1.       Brasil. Lei nº 6.932, 7 de julho de 1981. Dispõe sobre as atividades do médico residente, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, 9 jul. 1981

2.       American Osteopathic Association © 2021 AOA. [Consult 2021-06-19]. Disponível em: <https://osteopathic.org/what-is-osteopathic-medicine/what-is-a-do/>

3.       USMLE, FSMB, NMBE © 1996-2021 Federation of State Medical Boards (FSMB) and National Board of Medical Examiners® (NBME®). All rights reserved. The United States Medical Licensing Examination® (USMLE®) is a joint program of the FSMB and the NBME. [Consult 2021-06-19]. Disponível em: < https://www.usmle.org/apply/index.html>

4.    NRMP © 2002-2021 NATIONAL RESIDENT MATCHING PROGRAM. [Consult 2021-06-19]. Disponível em: <https://www.nrmp.org/intro-to-main-residency-match/>